Silêncio...

Porque hoje quero adormecer e acordar no silêncio, envolta em vazio, tal como a minha alma há tanto tempo se encontra: perdida em todo e em lugar algum...

Não digas nada!
Não, nem a verdade!
Há tanta suavidade
Em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver
Não digas nada!
Deixa esquecer.
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda esta viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada…
Mas ali fui feliz
Não digas nada.
in Poesias Inéditas (1930-1935), Edições Ática
Fernando Pessoa

3 comentários:

Pepe Luigi disse...

Poder escutar Fernando Pessoa é para mim sempre um previlégio.
 escolha do silêncio não cala a verdade, mas recolhe-a no nosso âmago enaltecendo o nosso espírito.

Desejo passe um Bom Domingo.

Anónimo disse...

Olá Rochinha!

Hehehehe! Sim senhora, que blog mais profundo... um beijinho e tudo de bom!!!

João

Anónimo disse...

hoje, vim visitá-la com mais tempo e mais atenção e estive a ler com vagar este poema de pessoa, autor que exige muitos olhos sobre as palavras, e gostei muito, é sempre uma aprendizagem. quero também agradecer os seus comentários e desejar-lhe um bom fim de semana.