Silêncio...

Porque hoje quero adormecer e acordar no silêncio, envolta em vazio, tal como a minha alma há tanto tempo se encontra: perdida em todo e em lugar algum...

Não digas nada!
Não, nem a verdade!
Há tanta suavidade
Em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver
Não digas nada!
Deixa esquecer.
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda esta viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada…
Mas ali fui feliz
Não digas nada.
in Poesias Inéditas (1930-1935), Edições Ática
Fernando Pessoa

Cativar...

Porque as boas obras devem ser sempre lembradas, ultimamente tenho sido várias vezes confrontada com um dos magníficos excertos do livro "O Principezinho", a lindíssima conversa com a raposa onde nos é explicado com a maior beleza o que significa cativar. Este verbo que é a base de qualquer relação humana verdadeira e por conseguinte de toda a comunicação humana.



A essência de criar laços, de conhecer verdadeiramente, pois só se conhece o que se cativa, aquilo com que se cria laços.



É viver verdadeiramente, puramente, realmente.

Coisas estranhas acontecem no momento em que cativamos ou nos deixamos cativar. Todo o Univeso se conjuga nesse momento.


Porque precisamos de cativar e deixarmo-nos cativar para podermos realmente viver.
E isso é tão fácil e difícil ao mesmo tempo...

Pois o acto de cativar por mais belo que seja, infelizmente não significa que vá durar para sempre, às vezes dura só um pequeno instante, mas enquanto dura é simplesmente mágico.


O mesmo acontece com os lugares (físicos ou virtuais). Quando nos sentimos cativados procuramos sempre que possível lá voltar para absorver essa energia, porque encontramos um pedaço de nós. É o que se passa com este lugar magnífico que me cativou e por isso tem aqui um pedaço de mim.


Aqui encontro-me, retempero as minhas forças, encontro a minha alegria.

Mentiras






Do Dicionário da Lingua Portuguesa:


do Lat. mentita, sob o influxo de mentir?

s. f.,
afirmação contrária à verdade;
falsidade;
ficção;
ilusão;
juízo errado;
indução em erro;
persuasão falsa.



Todas as comunicações humanas são mentiras.

Mas serão elas apenas simples afirmações contrárias à verdade ou serão realmente ficção, ilusão, juízo errado, indução em erro?

Basta pensar que não há cérebros exactamente iguais...

Porque vivemos num mundo simplesmente fantástico


O primeiro eclipse lunar total visível em Portugal desde Março de 2007
Eclipse total da Lua na próxima semana visível em Portugal

15.02.2008 - 11h50 Lusa



A Terra vai atravessar-se entre o Sol e a Lua na próxima semana, no primeiro eclipse lunar total visível em Portugal desde Março de 2007, informou hoje o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL). Se as nuvens não o impedirem, o fenómeno astronómico será visível na noite de quarta para quinta-feira a partir das 00H35 (hora de Lisboa), num momento em que a Lua cheia estará bastante alta no céu, em boas condições para se observar a sua ocultação. A Lua ficará com um tom avermelhado durante o eclipse, que atingirá a sua expressão máxima às 03H26, com a Lua a mergulhar completamente na sombra da Terra. "O disco lunar estará sempre visível, com várias tonalidades entre o cinzento e o avermelhado, devido às radiações luminosas projectadas por partículas da atmosfera terrestre", explicou à agência Lusa fonte do OAL. A Lua vai entrar sucessivamente na penumbra (00H35) e na sombra (01H43) até começar o eclipse total, que decorrerá entre as 03H01 e as 03H52.

Mais uma vez... "O Amor"


Este texto foi escrito há muitos anos atrás quando a vida estava ainda só a começar, mas ainda hoje me surpreendo ao lê-lo. Coisas de adolescente? Talvez sim, talvez não. E porque hoje se comemora o dia dos namorados porque não voltar a publicá-lo...


A vida é algo de inimaginável, por vezes demasiado odiosa ou demasiado agradável. Não existem limites ou fronteiras para aquilo que se designa por bom ou mau modo de encarar a vida. Tudo nos leva para algo que cada vez se torna mais incompreensível, mais misterioso, mais alucinante.

Como a vida, também a arte de amar, sim porque amar é uma arte que poucos são capazes de aperfeiçoar e por vezes até melhorar e que se torna por natureza inatingível, incompreensível, confusa para estes pobres mortais, tão confusa que muitas vezes damos connosco a desejar nunca nos termos apaixonado, sem nunca saber porque é que certa pessoa nos atrai e como a maioria das vezes porque é que nós mesmos não temos também o poder de o atrair.

Muitos cientistas e psicólogos afirmam que o facto de nos sentirmos atraídos por outros provém da imagem e do sentimento que temos pelos nossos pais e como tal procuramos sempre alguém que se pareça o máximo possível com eles.

Outra ideia, esta mais literária, advém do facto de que se admiramos mais umas pessoas do que outras, deve-se ao odor particular que cada um emana do seu corpo, contudo esse odor não é aquele que se encontra dentro de tão requintados frascos que estão expostos nas montras das perfumarias, mas sim um perfume único de cada um que não pode ser extraído por qualquer processo de destilaria ou maceração, mas que nos torna únicos e como tal não é possível escondê-lo ou substituí-lo. É a nossa verdadeira essência.

A mitologia grega, por seu lado, afirmava que no início dos tempos, os Homens possuíam quatro braços, quatro pernas, duas cabeças, mas uma só alma. Até que os deuses, por maldade e poder, decidiram dividi-los ao meio. Apartir desse momento, cada homem começou a procurar a sua outra metade, a parte que faltava à sua alma. Daí que muitos procurem e como apesar de diferentes temos sempre algo de semelhante, nem sempre encontramos quem realmente nos pode completar. E isto pode-se considerar uma grande aventura, visto que procurar uma pessoa dentro de milhões de outras é bastante difícil, mas não impossível... Vivam os sortudos...

Visto isto, como poderemos encarar o facto de amarmos alguém se sabemos desde logo que pode não ser essa a pessoa ideal e que poderemos até estar a cair num poço demasiado profundo do qual poderemos não conseguir sair?

Mais uma vez a vida coloca-nos um dos seus grandes mistérios e nós, como sempre ficamos espantados e, como sempre caímos na mesma armadilha. É normal todos os seres humanos apaixonarem-se, contudo também é normal que se tornem infelizes, tão infelizes que se podem tornar insensíveis a quem realmente os ama...

O amor faz-nos criar muitas máscaras, muitas barreiras, cuja função não é mais do que impossibilitar que outros nos magoem, no entanto isso não vale de nada, apenas esconde o nosso verdadeiro “eu” e obriga-nos a exigir demais a nós próprios e a todos aqueles que nos rodeiam, pois na verdade nós é que nos magoamos a nós próprios quando nos apaixonamos...

Contudo, por mais explicações que deseje arranjar para dismitificar o amor, uma coisa não posso negar: não estou isenta de me apaixonar e muito menos de sofrer, e como eu encontram-se milhões de pessoas, que por mais que tentem resolver o segredo do amor, mantêm o seu coração a “chorar” por alguém...

Momentos

"Momentos"

O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

Fernado Pessoa


Este pequeno, mas magnífico texto descobri-o por mero acaso no meio do grande mundo global dos blogs. A acompanhá-lo encontravam-se umas fotos magníficas da simplicidade da natureza, de momentos únicos que só por muita sorte conseguimos captar com as nossas câmaras porque estamos no lugar certo à hora certa, simplesmente no momento certo.

É estranho para mim que hoje, volte de novo a dar valor a esses pequenos instantes que são os momentos, mas assim é vida... mudar de ideias, de convicções, quando as evidências tomam outras proporções e ser feliz é o principal objectivo.

Porque os verdadeiros momentos são aqueles que nos fazem realmente feliz e tal como disse Fernando Pessoa, esses serão sempre intensos, inesquecíveis, pela sua curta ou aparente curta duração, porque trazem sempre consigo coisas inexplicáveis, pessoas incomparáveis...

Mas por mais momentos que tenhamos nunca poderemos deixar e nos esquecer o que vamos fazer com eles e com tudo o que nos proporcionaram de importante, porque é do seu conjunto que surgem as nossas maiores e mais importantes decisões, mesmo que à partida pareçam tão sem sentido ou irrelacionáveis.

(Janeiro 2008)

Porque tudo tem a sua ordem, lugar e momento, aquele segundo mágico que faz toda a diferença...



Não vale a pena apressar o futuro e muito menos ficar eternamente agarrado ao passado. Um dia de cada vez, um momento após outro, para que toda a magia da vida seja aproveitada e saboreada na sua totalidade.


Quando muito novos, abraçamos a vida com tal ânsia que a sufocamos, a fazemos correr e todos os momentos passam velozes sem muita das vezes nos conseguirmos recordar como foram, como os preeenchemos. Muitas das vezes preenchidos apenas com a espectativa de como é que seria o seguinte, sem nunca prestar atenção ao presente.

Mais tarde, ainda com essa ânsia residual, não adiantamos simples momentos, mas sim, acções, reacções, dias, noites, relações. O actos deixam de ter principio, meio e fim. Saltitam rapidamente do início para o fim. O meio, a verdadeira essência que muitas das vezes poderia eternizar o início, fica algures nem sei bem onde...

E assim acontece com as relações, com a ânsia de as vivermos, muitas vezes as catapultamos para um fim, o qual poderia nunca sequer existir. Bastava que apenas saber apreciar o meio.
O meio tem a capacidade interina de se multiplicar, aperfeiçoar, mas tal como a dualidade inerente a tudo que é Universo, também se reduz, se deteriora e aqui sim, o fim tem toda a lógica de ser.

Saibam aproveitar ao máximo a magia do segundo tomando consciência deles, os frutos recolhidos serão simplesmente saborosos...

(Fevereiro 2007)

Porque errar é humano

Se por todas as vezes que hesitamos seguir o nosso coração, caísse uma estrela do céu, neste momento todo o universo estaria repleto numa enorme penumbra. É incrível como nós humanos, apesar de nos acharmos sermos racionais e inteligentes, cometemos a maior gafe inerente à nossa natureza: não seguimos os nossos instintos, que mais não fazem do que nos guiar para a nossa sobrevivência e para a nossa felicidade.

Teimamos piedosamente contra aquilo que pensamos nos fazer mal, mas no fundo não estaremos simplesmente a fugir daquilo que tão bem nos faz?

Pode parecer algo insano o que acabei que escrever, mas se pensarmos bem, o que é costuma acontecer ao longo da nossa vida? Inicialmente o nosso instinto, numa dada situação impele-nos para agirmos, mas por medo, por covardia, pela nossa racionalidade, fugimos. Ora uns tempos mais tarde acabamos por nos deparar com a dura realidade: aquele momento era o da nossa felicidade e deixámo-lo fugir.

É claro que, como seres inteligentes que somos guardamos esta informação preciosamente, à espera de outro momento, sim porque a vida dá sempre outra hipótese e teremos sempre outra oportunidade para nos redimirmos.
E eis que o tão aguardado momento surge. Imediatamente não damos ouvidos ao nosso coração, mais uma vez, porque o momento é em todo igual, o que poderia acontecer de errado? Arriscamos e a queda é enorme. Caímos porque mais uma vez não ouvimos o nosso interior que suavemente nos avisava das artimanhas desta situação, mas a nossa razão suplantou mais uma vez o coração, se tudo era tão igual, qual a diferença?

Lembremo-nos sempre de que a vida foi feita para nos surpreender constantemente e colocar-nos a cada milésimo de segundo à prova.
Nunca duas situações por mais semelhantes que pareçam, nunca são iguais, na natureza nada é igual, tudo é único, assim como na vida.
Como encontrar então a felicidade? Ouvir, por mais louco que pareça, o nosso singelo coração. Segui-lo por vezes pode parecer que só nos trás sofrimento, mas se o caminho fosse simples será que saberíamos apreciar a verdadeira felicidade?

No fundo, basta estar atento porque a felicidade não foge, não está escondida, ela paira por todo o lado, pronta e desejosa de nos poder abraçar…


(Dezembro 2006)